Nesse novo episódio, vamos falar sobre como investir o recurso do Fundo de Emergência, independente do valor financeiro envolvido. Mas já digo as duas palavras que devem ser as diretrizes desse fundo: Liquidez e Segurança.

Recapitulando o último episódio, falamos de algumas maneiras que podem ser usadas para formar seu Fundo de Emergência; como entradas frequentes e recorrentes, uso de recursos extras recebidos esporadicamente, ou até mesmo quantias vindas da venda de ativos não financeiros que você possua. Outra possibilidade também para aqueles que já possuem recursos financeiros investidos é separar o valor do recurso para o fundo de emergência dos demais investimentos.

Esta segregação é importante para que você saiba exatamente quanto e como você está administrando seus fundos. A principal diferença entre as divisões de recursos para Investimentos e Fundo de Emergência é que a liquidez e o risco podem ser diferentes para cada um dos casos. Falamos pode e não deve porque o risco é uma escolha pessoal, e alguns podem escolher correr risco muito baixo até mesmo nos investimentos de prazos mais longos. Introdução feita, vamos ao racional da dupla liquidez e segurança.
Liquidez: é a disponibilidade do recurso investido, ou seja, quanto tempo leva para você solicitar o resgate ou a venda do ativo e ter o dinheiro creditado em conta pronto para ser usado. Na ocorrência de uma emergência você não poderá esperar para ter acesso aos recursos do fundo. Assim você deve ter maior atenção quando fizer um investimento nas palavras: Liquidez, Crédito do Resgate, Liquidação. Dê preferencia para investimentos que possam creditar seus recursos entre 0 a 3 dias úteis no máximo.
Segurança: no nosso caso podemos separar em dois pontos; Volatilidade (Risco de Mercado) e Risco de Crédito. Volatilidade é o quanto o preço de um ativo financeiro varia para cima ou para baixo, ou em outras palavras o quanto o preço é instável. Quanto maior a instabilidade ou a volatilidade pior será para nosso fundo de emergência, pois no momento em que você precisar do recurso você não poderá ter uma variação negativa acentuada prejudicando o volume disponível para resgate. Já o Risco de Crédito está ligado a possibilidade de um título não ser pago por seu emissor (devedor). Que também seria um problema para um fundo de emergência, pois o fundo poderia sofrer uma perda caso um título não fosse pago, reduzindo o volume disponível para resgate.
Resumindo: o fundo deve estar sempre disponível e sem risco de perda do volume financeiro.
Assim as aplicações financeiras candidatas naturais para o fundo de emergência são:
TESOURO SELIC (Título Público)
FUNDOS DI Simples
CDB PÓS-FIXADO COM LIQUIDEZ
Nesse caso os 3 tipos de aplicação devem seguir a taxa básica de juros de mercado pagando 100% do CDI (no caso de fundos e cdb) e a taxa selic para o Tesouro Selic.
Para aqueles que sentiram falta da velha caderneta de poupança deixo um link para o post que explica o motivo para não considerarmos uma boa opção (https://www.virtus4.com.br/post/poupança-nunca-mais )
Ressalvas:
Tesouro Selic: deve-se tomar o cuidado para que a corretora em questão não cobre taxas abusivas em relação a taxa de administração, diminuindo seu rendimento. Muitas corretoras têm dado isenção nessa taxa tornando a rentabilidade ainda mais atrativa;
Fundos DI Simples: no caso de fundos de investimentos, também é necessário ficar atento a taxa de administração do fundo que pode reduzir a rentabilidade. As melhores opções são os fundos com taxa zero de administração, existem algumas opções. Outro ponto a destacar é a classificação ANBIMA do fundo que deve ser Renda Fixa Simples. Existem outros fundos DI que podem conter ativos diferentes de títulos públicos como títulos privados que trazem maior risco ao investimento (risco de crédito). Você pode se aprofundar no assunto nesse post ( https://www.virtus4.com.br/post/fundos-de-investimentos-características-semelhantes-resultados-muito-diferentes );
CDB pós-fixado com liquidez: para os CDBs que são títulos dos bancos, vale a ressalva do banco emissor, ou seja, dê preferência por Bancos bem avaliados em termos de crédito. Para isso verifique a classificação de uma ou mais agências de avaliação de risco. Fuja de títulos que não possuam avaliação de Grau de Investimento.

A tabela ao lado mostra apenas as notas de grau de investimento das 3 principais agências internacionais de classificação de risco. Assim se um título possui alguma dessas notas de classificação ele tem um bom risco e você pode investir. Qualquer coisa diferente disso; FUJA.
Nossa lista de preferência abaixo segue os critérios, de facilidade de se encontrar o produto, o acesso ao mesmo em termos de valores aplicados e também em termos de prazo de aplicação. O prazo nesse caso é importante porque como se trata de um fundo que terá pouca ou quase nenhuma movimentação, quanto maior for o tempo investido melhor será a eficiência fiscal e o efeito de juros compostos (juros sobre juros).
Nossa preferência é pelo Tesouro Selic, que possui garantia do governo federal, vencimento entre 3 e 5 anos, com cobrança de tributação apenas no resgate ou vencimento, e tem crédito do recurso no dia seguinte a solicitação.
Depois viriam os Fundos DI Simples, com taxa zero de administração, esses fundos são obrigados a investirem 95% dos recursos em títulos públicos como o tesouro selic, fundos de investimento também não possuem vencimento e normalmente efetuam o crédito no mesmo dia da solicitação ou no máximo no dia seguinte. A ressalva com os fundos é que apesar de não terem vencimento eles possuem o come cotas que antecipa a cobrança do imposto de renda a cada seis meses (se quiser saber mais veja esse outro post https://www.virtus4.com.br/post/come-cotas-você-sabe-o-que-é).
E como última opção viriam os CDB pós-fixados com liquidez, já que é mais difícil encontrar instituições financeiras que pagam 100% do CDI e com liquidez. Normalmente os CDBs que pagam 100% ou não possuem liquidez, ou possuem uma regra de progressão de quanto maior o tempo maior a rentabilidade, mas se você precisar do recurso antes pode ter a rentabilidade comprometida. Com relação a garantias os CDBs possuem um fundo garantidor de crédito até o valor de R$ 250 mil por CPF em caso de quebra do banco, assim considere esse seu limite de risco por instituição.
Esse episódio foi recheado de informações, assim leia e releia com calma. Indicamos alguns links para complemento de entendimento. Caso necessário agende uma mentoria individual para tirar todas as suas dúvidas. No próximo episódio iniciaremos uma nova etapa rumo a liberdade financeira. Falaremos sobre multiplicação de capital. Até lá.
Esse episódio realmente foi recheado de informações! 😄